1. Fala-nos um pouco da Cláudia...
[C] Começamos pela parte mais difícil. Ainda bem. Isso é algo que me caracteriza, as tarefas chatas, ou as que me estão a dar uma dor de cabeça, gosto de despachar logo, para não ter de pensar mais nisso.
Gosto de fazer muitas coisas ao mesmo tempo, mas tenho descoberto que isso não é necessariamente bom. Sou muito transparente nas minhas relações, mas não de uma forma bruta, vivo um bocado sem filtro. Não tenho medo de arriscar, e adoro estar rodeada de pessoas que se desafiam, e que gostam de aprender. Sou aventureira, gosto de explorar e de viajar, com a certeza de que volto sempre ao ninho.
Sou viciada no meu trabalho. Acredito mesmo que uma alimentação natural é transformadora, e poder ajudar pessoas a descobrir isso é o melhor.
2. Quando é que começa o teu dia?
[C] O meu dia começa normalmente sem despertador. Adoro essa liberdade de quem trabalha em casa, mas começa bem cedo, entre as 6h e as 7h, com uma rotina para cuidar do meu corpo, e um grande pequeno-almoço. É depois do pequeno-almoço que oficializo o inicio do meu dia.
3. O que é que não pode faltar em cima da tua mesa de trabalho?
[C] Chá, a minha agenda, uma caneta e o bloco de notas. Por mais apps que tenha, volto sempre ao papel.
4. Descreve-nos o teu dia. Um dia comum.
[C] Os meus dias são sempre diferentes, é uma das coisas que adoro no meu trabalho, mas existem factores comuns entre eles: as minhas rotinas matinal e noturna, e as refeições que normalmente preparo em casa. Depois vou intercalando entre planos semanais de refeições que desenvolvo para os meus clientes, posts para o blogue ou a testar receitas.
5. Para trabalhar: sozinha ou acompanhada?
[C] Acompanhada! Trabalho muito melhor acompanhada, pela motivação, pelo compromisso que temos com a outra pessoa. Ao inicio não foi fácil adaptar-me. Estou sozinha há mais de um ano, mas cada vez mais sinto que sou mesmo uma pessoa de pessoas.
6. Na cozinha: dois pares de mão ajudam ou atrapalham?
[C] Ajudam, mas só se tiverem tarefas diferentes. Cá em casa resulta bem.
7. O que é que tem que estar sempre no teu frigorífico?
[C] Verdes: ervas aromáticas e espinafres. Limão, abacate e framboesas. É mesmo o meu top.
8. Como e quando surgiu este interesse pelo mundo saudável e pela sustentabilidade?
[C] A sustentabilidade sempre esteve presente. Cresci num grupo de escoteiros, e isso é uma temática muito ativa, seja pela conservação e comunhão com a natureza, seja pelo trabalho que desenvolvemos na comunidade. Com a minha vinda para os Emirados, e com a minha saída oficial do movimento, fui perdendo a ligação. Aqui há muito pouco verde, vivo no deserto, mas aos poucos tenho voltado a estar conectada a este tema. É algo muito natural para mim, porque fez parte da minha educação.
A alimentação surgiu por questões de saúde, sempre tive problemas digestivos, e quando finalmente descobri o que era, síndrome do cólon irritável, iniciei todo o processo de mudança. Foquei-me em perceber o que é o que o corpo me pedia, comecei a ficar muito mais ligada a ele, daí a estudar nutrição holística e criar o Officinalis foi um tirinho.
9. Rotinas matinais... conta-nos!
[C] Quando era adolescente ficava na cama até ao último minuto. Tomava banho à noite, antes de dormir, para poder acordar o mais tarde possível. Ia para a escola cheia de sono, mas acho que é típico na maioria dos adolescentes. Hoje sou altamente contra isto. A rotina matinal é o primeiro momento, e para a maioria das pessoas, o único momento do dia que têm só para elas, para cuidar do corpo e da mrnte, para relaxar e fazer o que se apetece. É por isso que não pode ser descurado. A minha rotina matinal é uma rotina de muito auto mimo. Faço yoga, medito, pratico a gratidão, e em termos mais práticos, massajo o meu corpo com uma escova seca, bochecho com óleo de coco a boca, para remover as toxinas, bebo muita água, e preparo um bom pequeno-almoço.
10. O que é que o teu blog te trouxe de melhor?
[C] Liberdade. Liberdade criativa, liberdade para divulgar o meu trabalho, e liberdade para gerir os meus horários. Não é tudo cor de rosa, mas esta liberdade compensa tudo.
11. Nas redes sociais, qual consideras que seja a chave para ter sucesso e para criar uma comunidade fiel?
[C] Vai parecer muito cliché, porque é o que todos dizem, mas é mesmo verdade. Quando criei o Officinalis estava muito focada na comparação, toda a gente era melhor do que eu. Estava focada nos números, o Officinalis não crescia, não tinha novos seguidores, e isso foi-me desmotivando. Criei uma aversão às redes sociais. Precisei de parar, repensar no que queria para o Officinalis, e deixar de me colocar nesta posição quase de vitima. A partir daí, e desde há uns meses atrás, que me têm dado verdadeiro prazer. A comunidade do Officinalis nas redes sociais é muito reduzida, mas sei que tenho comigo pessoas que se identificam mesmo com o meu trabalho, e isso é tudo o que importa, para mim este é o verdadeiro sucesso, que não se traduz em números, ao contrário do que pensava.
Criar uma comunidade é fácil, desde que sejamos honestos com ela, e que partilhemos também as nossas fraquezas. Ninguém tem vidas tão certinhas como a grelha do instagram.
12. Partilha connosco quais os teus maiores medos durante esta tua jornada. E quais as maiores forças?
[C] Durante este processo, confesso que têm sido mais os medos do que as forças. Não ter um salário fixo ao final do mês é muito assustador, e há muitos medos que estão sempre presentes, mas com o tempo vamo-nos habituando a viver com eles, faz parte do processo de crescimento.
Ao inicio tinha muito medo de me expor, mas aos poucos estou a “sair da casca”. Começo a receber comentários e emails de apoio, e isso ajuda-me a perder o medo.
A minha maior força é mesmo o facto de estar apaixonada pelo meu trabalho. Estou muito grata por poder dedicar-me a este projecto de corpo e alma. Já tive muitos trabalhos diferentes, e finalmente descobri algo que me dá prazer, que é meu, e isso completa-me, já não imagino a minha vida sem o Officinalis.
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